Objetivos
- Avaliar o nível de literacia em saúde na doença crónica;
- Analisar a relação entre o nível de literacia em saúde na doença crónica e as principais fontes de informação utilizadas;
- Analisar a relação entre o nível de literacia em saúde na doença crónica e a adesão à terapêutica;
- Analisar a relação entre o nível de literacia em saúde na doença crónica e a utilização de serviços de cuidados de saúde.
Principais conclusões
- Maior literacia em saúde, menor utilização da urgência hospitalar
- Menos literacia em saúde, maior número de doenças crónicas em simultâneo
- Mais Literacia em Saúde melhor adesão à medicação
- Televisão ocupa terceiro lugar nas fontes preferenciais de informação
- Apenas 3 em cada 10 doentes crónicos renovam a medicação online
- 9 em cada 10 doentes crónicos não utilizam o SNS24
Cerca de 55% da população com doença crónica tem níveis inadequados de Literacia em Saúde, segundo o estudo “Literacia em Saúde na Doença Crónica” desenvolvido pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP-NOVA), em parceria com a Ordem dos Farmacêuticos, no âmbito do projeto Saúde que Conta.
O estudo revela também o impacto da literacia em saúde na utilização do sistema de saúde. As pessoas com doença crónica e com um nível de literacia em saúde mais baixo utilizam mais vezes o serviço de urgência hospitalar, as consultas de medicina geral e familiar e a urgência do centro de saúde.
Cerca de metade dos inquiridos afirma não ter apoio em aspetos relacionados com a gestão da sua doença, e quem gere autonomamente a doença apresenta um nível de literacia em saúde mais elevado.
Os resultados apontam para 78% de taxa de adesão à terapêutica e revelam também que um maior nível de literacia em saúde se reflete numa melhor adesão à terapêutica, com uma maior perceção da necessidade de tomar a medicação e uma diminuição da preocupação relativa à sua toma.
O estudo destaca ainda que o nível de literacia em saúde pode estar relacionado com morbilidade múltipla, sendo que um indivíduo com menor literacia em saúde tem mais doenças crónicas em simultâneo.
O estudo permite também concluir que quanto maior é o grau de escolaridade, maior é também o nível de literacia em saúde. Os doentes crónicos estudantes ou profissionais das áreas da saúde também apresentam um nível de literacia em saúde superior.
De acordo com o estudo, as principais fontes de informação em saúde utilizadas pelos doentes crónicos são os profissionais de saúde (82,8%), seguindo-se os familiares e amigos (57,7%) e a televisão (55,1%). Apenas cerca de dois em cada dez indivíduos com doença crónica utiliza a Internet, e entre os utilizadores apenas 25% procura informação sobre Saúde através de plataformas governamentais.
O estudo contou com a participação de um total de 412 indivíduos com doença crónica com idades compreendidas entre os 18 e os 94 anos. Entre as doenças crónicas mais prevalentes na população inquirida encontram-se a hipertensão arterial, a dislipidémia, a diabetes, a ansiedade e depressão.